Os Pré-Socráticos
Os
pré-socráticos (antes de Sócrates) são o ponto inicial da filosofia, iniciada
na Grécia Antiga. Foram os fundadores da filosofia, ao tentar explicar e
conhecer o mundo de uma maneira diferente, destaca-se desses pensadores o uso da
razão em vez de aceitar apenas as ideias tradicionais referentes aos mitos e
crenças de costume da época. Questionavam-se sobre o fundamento e a origem das
coisas. Esta forma de pensar está na base de todo desenvolvimento conhecido
pelo mundo ocidental.
Muitos
destes filósofos buscavam encontrar o(a) Arché, ou seja, o princípio formador
do universo. Seus questionamentos eram “o
que é a natureza ou qual o fundamento último das coisas?”
Entre os
pré-socráticos pode-se citar 7 importantes filósofos. São eles Tales de Mileto, Anaximandro, Anaxímenes,
Pitágoras, Empédocles, Heráclito e Parmênides. A seguir, um breve resumo da
importância de cada um dos pré-socráticos.
- Tales de Mileto: Matemático e
astrônomo, é considerado o primeiro grande filósofo. Não há nenhum documento
original de Tales, pois nenhum resistiu ao tempo. Tudo o que se sabe sobre ele
deve-se a citações de outros autores seguidores de Tales. Foi o precursor do
pensamento científico ao substituir a explicação mítica pela explicação
racional. Para ele, a água era o
princípio formador da matéria porque: “o
que é quente precisa da umidade para viver, o morto se resseca, todos os germes
são úmidos e os alimentos estão cheios de seiva. É natural que as coisas se
nutram daquilo de que provêm.” Também foi importante para o desenvolvimento
da matemática, incrementando alguns pensamentos como o Teorema de Tales.
- Anaximandro e Anaxímenes: Para Anaximandro, o arché era o infinito, o ilimitado, o indefinido, uma
realidade sem limites nem fronteiras. O universo, para ele, é resultado de
modificações ocorridas no princípio originário, o Apeíron. O universo passa a ser visto como uma estrutura dinâmica
que no seu interior batalham entre si, os pares de opostos (água x fogo, terra
x ar, etc.). Já para Anaxímenes, o ar
seria o princípio da vida.
- Pitágoras: Foi o mais importante
matemático, autor do Teorema de Pitágoras e um dos principais filósofos da
história. Fundou uma escola mística e filosófica em Crotona (colônia grega na
península itálica), cujos princípios foram determinantes para a evolução geral
da matemática e da filosofia ocidental sendo os principais temas a harmonia
matemática, a doutrina dos números e o dualismo cósmico essencial. Para ele, o
saber era o nosso principal meio de purificação: “só amando a sabedoria podemos nos colocar em sintonia com a harmonia
do universo.” Para ele, a arché estava nos números (um elemento essencial da realidade). “Não é livre quem não obteve domínio sobre si.”
- Empédocles: Foi o criador da
teoria dos quatro elementos que vigoraria até a era moderna. Para ele terra, água, ar e fogo, seriam os componentes últimos das coisas, ora reunidos sob a
atração do amor, ora separados pela força da discórdia ou do ódio.
- Heráclito: É considerado por
muitos filósofos como o "pai da dialética” (método de diálogo ou reflexão
cujo foco é a contraposição e contradição de ideias que levam a outras ideias).
Defendia o princípio de que tudo é movimento, é mudança (DEVIR), e que nada pode permanecer estático. Heráclito acreditava na filosofia do devir
mas, falava de um devir não
puramente linear, que seria a negação absoluta do ser, mas sim do devir que se
desenrolava no interior de um círculo. Considerava haver um ciclo do devir em tudo
o que representava harmonia, com espelho na circunferência, o começo e o fim
coincidem. Defendia que de um lado existia o Logos (pensamento, razão humana), que governava todas as coisas e,
do outro, o Devir (mudança) que se
desenrolava no interior de um círculo apertado por laços poderosos. Acreditava
que era no interior de cada um de nós que se operavam as mudanças, dizia que a
vida e a morte, a juventude, a velhice e o sono eram a mesma coisa, porque
estes transformam-se naquelas e inversamente aquelas transformam-se nestes. Era
um defensor da mudança e dizia que “não
se pode penetrar duas vezes no mesmo rio, pois o rio está sempre em movimento e
a água corre, então nunca será o mesmo rio.”. Também dispôs do pensamento: “O mundo é o mesmo para todos os seres,
nenhum deus, nenhum homem o criou. Mas foi, é, e será sempre um fogo
eternamente vivo, que com medida se acende e com medida se apaga.”
Segundo Heráclito, todos os homens participariam do Logos universal, embora de maneira diferente, sendo eles:
- Os adormecidos: pessoas que limitam-se às percepções imediatas e ao senso comum. Vivem como que num sonho, são enganados pela falsa realidade, pelo mundo de aparências. Não se preocupam com a busca da verdade. Atualmente, os adormecidos são os alienados por tudo aquilo que aliena o ser humano através da indústria cultural (mídia em geral incluindo filmes, novelas, propaganda, músicas, redes socais, esportes, etc.). Os adormecidos não sabem que são explorados, não se interessam pela situação social, política e econômica, etc.
- Os despertos: opõem-se à mentalidade comum, não se deixam enganar pela falsa realidade aparente. Buscam a verdade, não são alienados, procuram meios para mudar a realidade social, política e econômica.
- Parmênides: Era totalmente contrário a Heráclito pois para ele, “Toda a mutação é ilusória”. Para ele,
não era possível alguém ser e não ser ao mesmo tempo. Tal definição é a
arché para Parmênides, ou seja, a imutabilidade
e unicidade do ser. Afirmava que
a multiplicidade e a mudança eram apenas aparências. Foi também o fundador da
metafísica e da ontologia (filosofia voltada para as questionamentos sobre o
ser). A ambiguidade da palavra ‘ser’ surge com Parmênides, a partir do fato de poder ser usado em dois modos distintos, como forma verbal ligada a um sujeito (fulano é....) ou em absoluto, tornando-se ele mesmo sujeito, o ser (que por sua vez é ou não é). Exemplos: 1 - No sentido de viver, existir: estou vivo, portanto, sou...quando eu morrer, não sou (não posso estar vivo e morto ao mesmo tempo). 2 - No sentido de agir: estou estudando (exemplo), portanto sou...quando não estou estudando, não sou (não posso estar estudando e não estudando ao mesmo tempo).
Opinião vs. Verdade: Para ele, existiam dois caminhos, um verdadeiro, o caminho da verdade (alétheia) e outro o do erro, o caminho da opinião (dóxa), ou seja, onde não há certeza. As análises baseadas em opiniões são bem distintas das ideias baseadas na observação metódica dos fatos. “Sempre haveremos de encontrar duas vias: a verdadeira e a falsa, a estrada do saber e a do não saber, do conhecimento e da opinião”. Enquanto a via da verdade (alétheia) é aquela por onde caminha o Ser, vereda pautada pelo saber e pela razão, o caminho da opinião (dóxa), trajeto do não ser, estará à mercê do jogo de nossas falíveis percepções sensoriais. Em relação à ontologia, a verdade é ser e a opinião é não ser. “Os incautos são facilmente manipulados através de opiniões frequentemente descarregadas em nossos ouvidos como se fossem a mais pura verdade.”
Opinião pode ser apenas a repetição doutrinária, onde a maioria, ignorante e crédula, aceita como verdade. Exemplo: As mentiras de Hitler, de Stálin, de Mao Tsé Tung, etc. As tais opiniões nada mais são do que mera repetição doutrinária de “verdades” empurradas para o interior das mentes das pessoas.
Para Parmênides, “Ver, ouvir e escutar não produz certezas, somente crenças e opiniões. Erra quem deixa-se enganar pelos sentidos e considera a realidade em devir (ser e não ser).”
Outros pensadores
deste período que podem ser citados, são
Xenófanes, Zenão de Eléia, Timeu, Leucipo e Demócrito.
PARA FIXAÇÃO!
Analisando e revisando
o texto, responda com suas palavras:
1) Quem foram os pré-socráticos e qual
característica os destaca?
2) Qual a definição geral do(a) arché?
3) Explique a definição do(a) arché para cada
um dos filósofos pré-socráticos citados.
4) Diferencie os pensamentos de Heráclito e Parmênides.
5) Explique o que é o Devir.
6) Explique o que é Logos.
7) Diferencie a Alétheia e a Dóxa, segundo
Parmênides.
8) Diferencie os seres Adormecidos e os
Despertos, segundo Heráclito.
9) Entre Heráclito e Parmênides, qual deles
você considera que possui a filosofia mais aplicável à vida? Comente.
10) A critério: pesquise sobre os pensamentos de
Leucipo e Demócrito e suas influências para a sociedade.
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